Sentimento
A leveza do sentimento pode ser loucura,
O raiar do sol ternura.
A vingança, a sede da bravura,
Mas nos caminhos estreitos da escuridão,
Sentem-se os passos do funâmbulo sob o arame,
Soletram-se, palavras de uma antiga escrita,
Onde a decifração não podemos falhar,
É como no circo, onde seres místicos alucinados,
Andam numa dança perigosa sob o abismo,
Tornando a vida grande:
Voo, enigma e perigo,
Exactidão, equilíbrio e medida,
Rendidos á realidade.
No circo, atravessamos o espelho,
Ao encontro de uma história que nos conte,
Os palhaços, são perversos e gentis,
Com o gesto, de simpatia que nos sorri,
E, o rosto pintado de indiferença,
Cercando o sonho de todos nós,
Como o mágico, que com um gesto nos desmente,
O cenário virtual que nos alimenta.
Ou como o arco do tempo que dispara a luz,
Que como uma sombra nos apaga.
As nossas angústias tornam-se imagens.
As certezas, vislumbres.
As sensações, cores.
E a nossa tensão, é tão densa que se pode tocar.
Eu sei, que não há maior encantamento do que o olhar
O que é mais alto, que o medo.
É como se lembrasse o que fui antes de fazer da vida,
O que a vida fez de mim. Construir uma fortaleza
Contra a vida que se nega, negando-nos.
Cristóvão Marquez
14-06-2007